domingo, 8 de junho de 2008

Como o Governo receberá o Kleber Andrade

Daqui há menos de dez dias o Rio Branco entregará o Estádio Kleber Andrade ao Governo do Estado. Sabendo disso, o Jornal A Gazeta foi ao estádio para saber em que estado de conservação o local será entregue para o Estado. Fui o responsável pela matéria. Algumas coisas me surpreenderam. Benício Assis, roupeiro do Rio Branco, mora no estádio há 15 anos. Uma bela história de vida, de um cara que chegou para trabalhar na obra de construção do palco esportivo e foi ficando, até se tornar roupeiro do clube.

Já são 24 anos de Rio Branco. Eu, que nunca tinha tido acesso aos vestiários do estádio, também fiquei surpreso com a grandiosidade que a obra deveria ter. Tudo muito grande e detalhado. Infelizmente faltou dinheiro e o estádio não pôde ser finalizado. Depois faltou mais dinheiro ainda e o clube, que teve praticamente 100% das suas receitas bloqueadas pela justiça, não pôde dar manutenção ao local.

* Abaixo, veja alguma fotos do e um vídeo do atual estado do estádio, que deve ser entregue ao povo capixaba antes de 2014, com capacidade para 21 mil pessoas sentadas e com possibilidade de futura ampliação.





* Para ver as fotos, acesse www.gazetaonline.com.br/agazeta, depois vá em esportes.ag e em seguida procure pela matéria "Era uma vez uma casa no campo". No final do texto há uma galeria de fotos do estádio.



* Quem quiser ler a matéria, está aí:

Era uma vez uma casa no campo

Thierry Gozzer
tgozzer@redegazeta.com.br

Ninguém conhece melhor o Estádio Kleber Andrade do que Benício Assis, mais conhecido como Meq, roupeiro do Rio Branco. Afinal de contas, o mineiro de nascimento mora lá. Isso mesmo. O “Monumental” de Campo Grande, como é conhecido pelos torcedores capa-pretas, é o lar desse senhor de 43 anos.

Meq chegou ao clube ainda na construção do estádio e conseguiu uma vaga como pedreiro na obra. Foi ficando e, há 15 anos, tem a sua “casinha no campo”, um cômodo com quarto, cozinha e banheiro debaixo da arquibancada que era usada pelos torcedores visitantes em dias de jogos. A área total do Kleber Andrade é de 80 mil metros quadrados.Como o estádio foi vendido para o Governo do Estado – porém ainda continua sob a custódia do Rio Branco até que o clube retire de lá todos os seus bens –, Meq não sabe o que fazer. Afinal de contas, perderá a sua “casa” .

“Já fiz um acordo com o Rio Branco. Eles não podem me dispensar. O clube deverá ter uma definição comigo sobre onde vou morar. Fico triste em sair, porque estou acostumado aqui e não sei para onde vou. Tem o CT na Serra, mas lá não tem nada”, disse Meq, admitindo que não é fácil morar no estádio sozinho, pois, além de tudo, já pegou dengue no local oito vezes.“Não é fácil. Já fui assaltado e, de vez em quando, tenho que ligar para a polícia. Muita gente vem aqui roubar fiação à noite. Além disso, já peguei dengue oito vezes aqui. Tem muita sujeira e entulho”, conta, observando a água parada no fosso que circunda o campo.

Meq não esconde a vontade de continuar no Estádio, mesmo após a reforma.“Isso depende do Governo do Estado, mas eu gostaria de ficar. Aqui já tenho muitas amizades. Sou uma pessoa muito querida. Se o Rio Branco me levar para Serra eu terei que ir”.

Clube não garante uma nova moradia

O presidente do Rio Branco, Paulo Marangoni, levou um susto quando perguntado se realmente Benício de Assis, o Meq, mora há 15 anos no Estádio Kleber Andrade.“Não sei se é isso tudo. Ele realmente mora lá, mas temos que fazer uma pesquisa maior para saber se é esse tempo todo”, disse o presidente capa-preta, que não tem como se responsabilizar pela residência do funcionário.

“Deixamos ele morar lá, mas ele tem o ordenado mensal dele. Era uma espécie de liberação para residir no estádio. Só não posso me responsabilizar agora por outro lugar para que ele more, até porque, no dia 21, teremos eleições e estou de saída do clube. O que o Rio Branco fez foi um benefício social para um funcionário”, comentou o presidente Paulo Marangoni, que sabe da importância de Meq.“Ele conhece o estádio como a palma da mão dele, afinal de contas, mora lá, né?”.

Gigante adormecido e muito maltratado

É impossível não notar o abandono do Kleber Andrade. Comprado pelo Governo do Estado por R$ 6,8 milhões, sendo que R$ 1,8 milhão foi para o Rio Branco e o restante para o pagamento de dívidas do clube, o estádio está há cinco anos sem receber melhorias e se encontra quase totalmente depredado.


De acordo com o presidente capa-preta, Paulo Marangoni, a última manutenção feita no Kleber Andrade foi no gramado, antes do Capixabão. De resto, o dirigente não tem vergonha em dizer que realmente o estádio está abandonado.“Fazíamos as coisas básicas, mas não dava mais para manter o estádio. As rendas do clube eram bloqueadas em 100%.

A manutenção dele tem um preço absurdo. Precisaríamos de uns 30 funcionários”, comenta o presidente, que achou a venda a melhor solução. “Se não vendêssemos o estádio, o perderíamos num leilão”.

Governo fala

O outro lado Governo ainda espera rio branco desocupar estádio Maurício Ribeiro secretário de Esportes do EstadoDe acordo com o secretário de Esportes do Estado, Maurício Ribeiro, o Rio Branco ainda tem 15 dias para terminar a desocupação do Kleber Andrade, para, aí então, o Governo passar a se responsabilizar pela manutenção do local.

“O Rio Branco sabe que tem esse prazo, também para tirar os funcionários que ainda restam lá para que o Estado possa tomar posse e fazer o isolamento do estádio”, disse o secretário, lembrando que o Governo tem um plano de ação após a posse. “Vamos contratar uma empresa de segurança para tomar conta da área”.Ciente das precárias condições do Kleber Andrade, Maurício Ribeiro pretende entregar, antes de 2014, um novo estádio com capacidade para 21 mil pessoas. “Já estamos trabalhando o novo projeto arquitetônico”.

Um comentário:

Thiago Pissimilio disse...

muito bacana a reportagem do jornal hj...
antes de vc postar aqui no blog, já estava procurando um local aqui para elogiar.

abraço